25.12.08

Sábado, na hora do almoço, todo mundo meio alvoroçado com alguns pequenos detalhes da festinha do Duda (lembrei dos preparativos que sempre rolavam pras festinha de aniversário da minha prima Mariana), chega na mesa o Lucas, filho da empregada da casa, que adora o meu filho mais do que muito parente "de sangue". O Lucas fica por ali, brinca, corre pra lá e pra cá com seu jeito e sorriso do Robinho, até que eu ouço:

- Lá em Goiás a gente aproveita melhor essa mão de obra incipiente...

Pronto, agora eu tenho certeza que o meu pai está por perto, el biejo canalla está de volta e recuperando a sua melhor forma!




Esse lance da passagem de tempo é muito engraçado... o trágico e tenebroso NATAL DE 87 já vai pra mais de 21 anos... e o último natal que eu passei com o coroa foi justamente há 10 anos. Mas algumas coisas nunca mudam, como meu pai ter visto gente saindo daqui o dia inteiro pra comprar coisas e só AGORA dizer que precisa comprar cigarro. Não tem nenhum lugar aqui por perto, e meu pai é alguém que ainda se recupera de uma fratura no fêmur, usa bengala e se locomove com dificuldade. Houve um tempo em que o meu maior sonho era mandar meu pai ir tomar bem no meio do olho do cu quando ele me MANDASSE comprar cigarro, e houve um tempo em que eu exerci com toda a veemência e contundência que me caracteriza, essa prerrogativa - aliás, lembro bem do primeiro dia, na casa da minha vó, quando ele veio me entregar o dinheiro pra eu ir comprar cigarro pra ele e o mandei se foder, em alto e bom som, dando risada -, mas hoje, quando ele pergunta sobre um lugar onde ele pode ir comprar cigarro, sei que não tenho outra alternativa a não ser procurar um lugar que ainda não fechou pra comprar essa merda.

Porque eu sabia, desde o começo, que teria que buscar em algum lugar dentro de mim uma LONGANIMIDADE que nunca tive.

febre alta

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