8.2.09

this is sparta

Meu relacionamento com minha mãe resultou numa criação algo espartana. Eu queria muito ser livre, autônoma (pra quebrar a cara), desde muito cedo . Ela, queria muito cuidar de mim, mas não naquilo que eu queria ser cuidada. A discordância levou ao desequilíbrio.

Aprendi a lidar com a dor, o frio, a fome e o desconforto. Provavelmente achava que essas habilidades me levariam à libertação: como prender alguém que prescinde de tudo? De certa forma, levaram. Levaram à libertação de saber que sou capaz de resistir ao frio, à fome, à dor, ao desconforto, à mágoa mais profunda. Tornei-me uma pessoa extremamente prática. E depois precisei aprender a sentir tudo de novo.

Hoje, gostaria que fôssemos amigas. Queria que ela me contasse algumas das suas histórias secretas, por isso conto algumas das minhas para ela. Eu queria mesmo mesmo é que ela me deixasse olhar ali dentro do cerne onde ela guarda o mais escuro de si, para ver se temos alguma parecença. Porque desconfio que temos. Suspeito que debaixo do verniz de boa moça, boa filha, boa estudante, boa esposa, boa mãe, habita uma mulher selvagem que foi mantida na masmorra a muito custo e muita força. E, se isso for verdade, é desta mulher que sou filha.

O problema é que nós, os espartanos, precisamos criar uma carapaça que, de tão dura, nos aprisiona.
O paradoxo é que nós, os espartanos, queremos nos olhar nos olhos e reconhecermo-nos uns nos outros, mas nossos olhos são duros, baços e tristes, e neles não há nada que se possa ver.

mme. mean

Um comentário:

Anônimo disse...

This is Belly, this is Criada de Madame, not Madame, é bom lembrar.