22.9.09

Shiva Paranormal

Sabe aquela frase que o Chomsky fez para provar que é possível construir uma sentença onde todas as palavras seguem uma ordem sintática lógica mas que, ainda assim, a frase é agramatical (ou seja, não faz o menor sentido)? 'Colorless green ideas sleep furiously'? Pois então. Andando aqui por Higienópolis, Thiago e eu descobrimos uma... Como dizer... Artista? Poeta? Cânone da cultura ocidental? Certamente tudo isso, mas algo mais. Uma mulher que faz arte com agramaticalidade.
Talvez ela se chame Maria Pasquali - também conhecida aqui em casa como Shiva Paranormal. Ela faz textos incríveis e cola (na verdade, amarra com barbante ou arame) no poste em frente ao Pão de Açúcar ou no muro do Iate Clube (e quem conseguir entender porque existe um Iate Clube numa cidade que não possui mar e, portanto, não comporta iates, me avisa). São textos longos, já rolou uma certidão de nascimento anexada, coisa profissional mesmo. Para entender a grandiosidade da obra, só quando eu tiver coragem de pegar uns e escanear, mas afirmo que é algo importante. Falta visão editorial num mundo que prestigia Gentileza e não dá ouvidos à Shiva Paranormal.
O primeiro texto que li era um relato de quando tentaram matá-la colocando energia atômica na antena da pensão onde ela morava. Esse texto continha o já lendário trecho: 'Não sou pernambucana, nem mineira, nem coreana, nem chinesa nem shiva nem paranormal'. No texto mais recente, nossa heroína diz estar sendo perseguida por 'carros em geral'. Só me resta prestar atenção nos muros e postes que são mais interessantes que o meu Google Reader.

Juliana Cunha - Já matei por menos

(grato, Olivia)

Nenhum comentário: