28.11.02

Eram mais ou menos 8:30 da manhã quando a Claudinha me ligou, perguntando se eu podia ficar com seu cachorro, já que ela ia viajar a trabalho e passar duas semanas fora. 8:30 da manhã. De domingo. E eu tinha ido dormir às 7:45.
    Me lembro vagamente dessa ligação. Achei que tivesse sido um sonho, mas percebi que realmente tinha aceitado quando, ontem, às 20:37, ela bateu à minha porta com seu cachorro de mala e cuia. Não podia recusar cuidar do animal agora, claro. Sou homem, ela é mulher. Sou solteiro, ela é gostosa. Então ela viajou e eu fiquei com o cachorro.
    Não é um cachorro. É um poodle. Segundo ela, um poodle micro-toy, e chama-se Floquinho. Branquinho, peludo e fofinho. Ai que lindo! Cachorro de veado. Para mim é um protótipo de hamster, porém mais barulhento. Anda pelo apartamento todo, cheira tudo e, desde que chegou, já marcou seu território na sala, na cozinha e atrás do bar. Isso sem contar suas crises de latidos histéricos, quando sinto vontade de chutá-lo pela sacada.
    E como tem coisas, esse animal. Escova para os pêlos, escova de dentes, ração matinal, ração vespertina, potinho de água, potinho de ração, pomada pra isso, talquinho para aquilo, caminha, colchãozinho, roupinha, coleira... Deus! Tudo desse troço é em miniatura!
    Mas ter um bicho desse tem suas vantagens: levei-o para passear no parque hoje, e conheci uma loira deliciosa, que me deu seu telefone, no caso de eu querer cruzar meu animal com o dela. Não era exatamente essa a minha intenção, mas quem disse que ela precisava saber logo de cara?
Ainda assim, esse maldito já me atrapalhou a vida. Ontem mesmo, quando chegou. Eu tinha um jantar com uma garota que fez faculdade comigo, às 21 horas. Preparei tudo: velas, vinho, um jazz com muitos solos de sax, meia luz... todo aquele clima perfeito de "meu prato é você", mas adiantou? Claro que não. Ela ficou maravilhada com o Floquinho - que eu já apelidei, carinhosamente, de rato - e passou a noite inteira com o animal fedorento no colo.
    Acabou que a moça foi embora e não demos sequer uns beijinhos. Esse rato me paga.
    Mas tudo bem... amanhã vamos ao parque, e acho que vou apresentá-lo para um ou dois rottweillers.

digerido em Sobre nada... e talvez alguma coisa.

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