27.12.02

Meu corpo é meio esquisito, sabe.

Quando eu durmo de dois em dois dias, vivo de barras de cereal ou ervilhas cozidas, engulo tudo que tenho direito junto com água da torneira, bebo mais cerveja do que um velho de bar, fumo uma carteira e meia de luckies por dia, funciona tudo que é uma maravilha, uma belezura, funções vitais exemplares, tudo de vento em popa.

Agora, quando eu me comporto, lembro como cheguei em casa, maneiro com as dogras, durmo todos os dias (sério! todos os dias! mal, mal pra caralho, tossing and turning por todos os lados, mas todos os dias), não compro cigarro há um mês e compro iogurte e comidas e tem até pão em casa, o que acontece? pifa. Nada funciona, tudo dói, eu só tusso como um mendigo velho, minha barriga está parecendo a do Homer, meu cabelo está uma merda -- isso não tem nada a ver, mas é que eu odiei tão profundamente esta merda que fiz no chuveiro com uma gilete cega que ando pensando até em comprar uma peruca. Mas não adianta, nem peruca adianta, nada vai ser tão legal quanto meu descabelo era, aquele meio-a-meio, aquele rosavermelho, chuife, eu quero o meu cabelo. Quero meus cachinhos no olho. Vou usar uma gaveta na cabeça até crescer de novo. Ou talvez eu deva apenas ir ao cabelereiro. Mas é que eu acho um absurdo esse negócio de gastar com o cabelo. O lance é pintar na pia e cortar no banho. Em quase dois anos, só fiz uma grande cagada, esta que repousa sobre minha cabeça. Auto-cabelereiro is the way.

Enfim.

Meu corpo não está acostumado com essa mamata. Assim que conseguir me mexer de novo, paro de comer essas coisas saudáveis, compro cigarro, encho a cara e volto aos excessos. Aposto como ele vai funcionar direitinho de novo. Até meu cabelo vai crescer mais rápido.

apenas leia meus labios: e-u-n-a-o-t-e-n-h-o-i-n-t-e-r-n-e-t

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