2.12.02

Sim, Evandro, escrevo para ser odiado. Mas não escrevo com ódio, entendeu? Há uma sutil diferença. O sujeito que quer ser amado pelo o que escreve faz concessões, sempre vai ser um pouco superficial, nunca irá ao fundo das feridas abertas na alma. Aquele que quer o ódio do seu leitor sabe que este é o maior filho-da-puta que existe e que a verdadeira coisa a se fazer é irritá-lo, perturbá-lo, desafiá-lo de qualquer maneira.

Sim, escrevo para ser odiado, mas não escrevo com ódio porque ninguém realmente entende quando se escreve com amor e afeição. E ao perceberem que o amor move aquilo tudo, decidem odiá-lo pois o medo do desconhecido e do mistério de novas regiões da consciência que se abrem diante do infeliz provocam um desespero que se refletirá na irracionalidade, na incoerência e na descida aos infernos.

escritos perplexos

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