Essa é a história (verídica) de um caixa de banco com problemas auditivos. Depois de semanas sofrendo com dores terríveis em seu ouvido direito, o moço em questão pediu à namorada que cuidasse do caso. Afinal de contas, passar o problema adiante é uma habilidade cuidadosamente desenvolvida por bancários em geral.
- Morzinho, vire a cabeça para lá. - disse a garota.
- Ei, o que é isso que você pingou no meu ouvido? - perguntou o rapaz.
- O remédio de ouvido dos meus cachorros. Eles vivem com dor de ouvido. - respondeu ela.
E o namorado melhorou milagrosamente da tal dor. Uns dias depois, o ouvido do rapaz começou a coçar, coçar, coçar. Aquela agonia o dia todo: um dedo no teclado e outro no ouvido. Desenvolveu uma técnica imbatível para cutucar o ouvido em movimentos circulares com a mão direita, enquanto a outra mão passava contas da Eletropaulo pelo leitor de código de barras. Só se embananava na hora de grampear os comprovantes: duas ou três vezes grampeou a própria orelha.
O destino, porém, conspirava contra ele. Na fila do caixa, a cliente mais importante do banco aguardava o atendimento. Assim que pegou as contas da moça para pagar, sentiu aquela velha coceira. Sem pensar duas vezes, meteu o indicador direito no ouvido e começou o processo de limpeza: girando, girando, girando. Três voltas para a frente, quatro para trás, enfia até o fundo, puxa um pouquinho. Era praticamente a abertura de um cofre. Ao tirar o dedo, uma surpresa: um bloco de cera do tamanho de um toco de lápis adornava seu indicador.
Olhou para aquele corpo estranho, olhou para a cliente. Olhou de novo para a cera, mais uma olhadela para a cliente. Limpou de qualquer jeito a cera na sua calça pensando "minha mãe vai me matar" e continou a pagar as contas. Ao entregar os comprovantes para a cliente, notou manchas com aquela cor... aquela. Olhou para o teclado e não encontrou a tecla A. Olhou para sua calça e chorou. Até hoje o rapaz não conseguiu explicar ao seu gerente que tipo de prática sexual foi realizada naquele caixa no dia em questão. Mas a cliente nunca mais apareceu por lá.
garranchos do texto livre
26.1.03
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