esta menina
é tão mais bonita
do que a poesia.
é tão mais poesia
do que F. Pessoa.
ela é viva.
fala sorrindo,
com toda a alma
e o próprio rosto,
além do corpo inteiro.
a amiga loira dela,
que parecia mais bonita,
está escondida
para que eu veja
só a que brilha
(mesmo sem saber se
a outra também não).
língua
e dentes
separados
e olhos
e boca
sorridentes:
tudo dança
o balé
da beleza.
tem covinhas.
põe a mão na
boca quando ri.
estou me
apropriando
da imagem dela,
observando e
escrevendo
aqui neste trem.
agora ela também
está escondida.
deve ser para eu
não ficar doente.
devo parar.
ou espio
por frestas
entre as
pessoas.
Fiz uma cópia resumida para entregar para ela. Rasguei o papel e dobrei. Só assinei, para deixar que ela me encontre de alguma forma, se quiser. Logo mudei de idéia, pensando que seria injusto se ela gostasse do poema e não tivesse contato comigo nunca, e escrevi o e-mail no verso. Esperei um bom momento para a entrega. Só que as condições espaciais e a coragem não foram compatíveis. Ela desceu na Estação Sapucaia. Foi para a porta e muitos outros acumularam-se atrás dela, evitando que eu fosse até lá e entregasse o papelzinho. Talvez se eu encontrá-la de novo um dia.
ímpeto do DOUGLASDICKEL
26.1.03
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