19.1.03

Eu não tenho nada a dizer. Namorei as palavras e a cada ponto final o backspace fazia muito mais sentido que o enter. Poderia inventar uma estória qualquer, sobre uma garota sedutora ou dias felizes, já que sou boa mesmo nisso. Também poderia falar sobre saudade, algo tocante e sensível, só para mostrar minha intimidade com as palavras e essa paixão que não se acaba. Mas despi essa vaidade.

Hoje eu não quero isso.

Poderia servir de entretenimento fácil escrevendo sobre sexo. Ou dar opiniões e conselhos. Piada. Relacionar os livros que li, as músicas que ouvi, o que comi e o formato das fezes que soltei, se eram macias ou ressecadas. Poderia deixar comentários simpáticos nos blogs pedindo visitas e puxar o saco de todos os descolados escritores de blogs. Sucesso. Uma foto num ângulo estratégico também se inclui nesse pacote. E muitos links, claro, sempre trocados por outros links. É a fórmula. Mas sigo caminho oposto. Fui sempre assim. Ufa...

Para os que estão aqui, meus amados poucos amigos, nunca acreditei em quem coleciona afetos. São rasos. Meus amados poucos amigos, se eu ainda escrevo é para vocês, não mais que cinco ou seis. Claro, para eu mesma também, já que quase sempre essas tantas palavras e frases pululam querendo voar.

Mas não hoje. Só hoje. Hoje eu não quero falar de nada. Já sabemos o que hoje eu sei, hoje eu quero só ouvir a chuva. E que chova.

como a pluma ao vento la donna mobile...

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