19.1.03

No inferno, todos os telefones tocam Kenny G. Não existe sinal de discagem, não existem ocupado, nem "o número chamado encontra-se fora da área de cobertura ou desligado. Tente mais tarde". Não. É tudo Kenny G.
Você tira o telefone do gancho e "tu-ru-tu-ru-ruuuu", Kenny G tocando aquela música insuportável da trilha daquele filme mais insuportável ainda com a Julia Roberts. Tenta ligar para a sua família e ouve o novo single do último disco do Kenny G. Não consigo imaginar uma tortura pior.
Aliás, consigo sim: passar a eternidade ouvindo, como música ambiente, um grupo de crianças tocando músicas do Kenny G em flautas de plástico. Isso é definitivamente o pior que eu consigo imaginar.

(...)

Gostaria de esclarecer que, ao contrário do que andam dizendo por aí, eu não fico pensando no Kenny G. Eu nunca penso no Kenny G. Se o Kenny G fosse uma fadinha e dependesse das minhas palmas para continuar existindo, eu nunca mais juntaria as duas mãos, nem mesmo na hora de lavá-las. Isso é tudo uma grande calúnia. Eu não penso no Kenny G. E, se pensasse, provavelmente o desprezaria.

Agora ponha-se no meu lugar: o que você faria se fosse acordado às oito da manhã por um telefonema do banco que sequer era para você, e depois disso ficasse com a linha de telefone presa ao som de Kenny G por QUINZE MINUTOS? Hein? Considerando o trauma psicológico que isso poderia ter me causado, acho que eu me saí surpreendentemente bem.

naturalmente Oba Fofia - um alienigena, um camelo e uma colher de pau magica

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