Saudade do tempo em que as coisas pareciam possíveis. Eu, aqui, sozinha nessa casa, com saudade do tempo em que tudo parecia possível. Naquele tempo, porém, eu não acreditava. Em nada. Assim como hoje, assim como sempre. As coisas, porém, eram bem diferentes. Eu era jovem. Eu fodia minha vida. Eu não sentia grandes pesares. Merda. Merda. Merda. Sentir-se velha é um veneno.
Não, não, não. Não se trata de idade. As rugas vêm com o restante, e o restante, por mais que pese, não se nivela a essa velhice de sangue, de alma, de sentidos. A essa ciência de que o bafo alheio, as palavras alheias e tudo aquilo que vem do outro merecem minhas mais severas críticas. Minha mais doída náusea. Nojo, nojo, nojo. Medo. Medo de estender a mão e de (re)começar histórias cujo final todos conhecem: Deixe o telefone tocar, pois um dia ele desiste de ligar; não freqüente mais aqueles ambientes; jogue fora as cartinhas; desapegue-se de tudo. Lixo. E nojo. E medo.
Velhice. Velhice de sentimentos.
acontece que a donzela - isso era segredo dela - também tinha seus caprichos, a deitar com homem tão nobre, tão cheirando a brilho e a cobre, preferia amar com os bichos...
19.1.03
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