De tarde, encontrei uma amiga minha. Não a via há tempos. Somos amigos de infância. Ela passou mais de um Natal aqui em casa. Já estudamos no mesmo colégio também. Na mesma sala. Eu a encontrei no ônibus.
O pai dela é estranho. Ele era bastante famoso por aqui e dono de uma rede de lojas que rendia bastante. Mas gastou todo o dinheiro com bebida e putas. Muitas putas. Ele comprava carros para as putas prediletas dele. Sendo que minha amiga morava com ele. Os pais eram divorciados. Todo dia, quando minha amiga acordava, na mesa do café-da-manhã, ela dava de cara com uma puta diferente. Sem contar os gemidos que não devia ouvir á noite. Não deve ser nada confortável.
Por que ela não vivia com a mãe? Porque, se o pai era estranho, a mãe era louca. Literalmente louca. Já foi internada no hospício várias vezes. Aliás, acho que ela está morando lá. Sempre picotava o cabelo com a tesoura e depois se picotava. Já foi parar no hospital por ter tentado se matar cortando os pulsos. Esse tipo de coisas.
Minha amiga mora com o irmão e com a avó. Com pais assim, não sei como ela virou uma das pessoas mais corretas que já conheçi. É algo quase bíblico. Ela é engraçada, divertida, sensata, linda, nunca falou mal de ninguém, defende os direitos humanos e é estudiosa.
Quando a encontrei hoje, percebi, que além da cicatriz que ela tem no rosto por ter sido mordida por um cachorro, ela estava com outra enorme no braço, que pegava pela mão, passava pelo pulso, e descia uns 15 centímetros. Enorme, super-feia e bem profunda. Ela reclamou [mesmo que tenha sido no seu simpático e alegre modo de ser], que nem pôde fazer vestibular, já que tropeçou em casa, caiu encima da janela e esta se espatifou. Depois de se espatifar, vários pedaços de vidro se fincaram no seu braço, inclusive cortando o pulso e rasgando veias e artérias, fazendo ela quase morrer. Chegou a ser hospitalizada por um tempão para se cuidar.
Fico imaginando se foi mesmo um acidente.
parcimonioso
14.2.03
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