5.2.03

Está na hora de saber o que vai rolar ou não em termos de disco novo, gravadora etc. Essa semana pretendo dar uma especulada no assunto. Sondagens. Nada de pedir definição de prazos. Sei que o assunto é complicado. E assim, no meio desses impasses, me ocupo da mudança. Quando estiver na maior atividade profissional não vou ter tempo mesmo. E é melhor a gente se voltar para o lado da vida que está andando e esquecer o que está atolado ? se é que não há mesmo nada que dependa da gente resolver ? e ir em frente! As plantas crescem na direção do sol. Às vezes a gente se concentra tanto naquilo que está dando errado na vida da gente que parece que tudo está uma merda quando é só uma parte. E, em geral, a que merece menor atenção. Verdade. Se uma área da sua vida está mal, ao invés de se voltar apenas para aquilo que te incomoda, tente o contrário. Dar tempo ao tempo e se concentrar naquilo que está indo bem. Assim, dando mais atenção ao lado arrumado você consegue vislumbrar melhor as soluções para o lado conflituoso. E as coisas precisam de tempo na cabeça, sem a nossa concentração, para se arrumarem.

Pode parecer confuso o que estou dizendo mas é simples. Vou dar um exemplo. Quando estou gravando uma música e chega uma hora que aparece um impasse: não pinta nenhuma idéia para arranjo, para um solo, para um vocal, o melhor a fazer é parar a gravação e ir jogar ping-pong. Video-game também é ótimo. Pode parecer um absurdo o estúdio lá, parado, com as horas custando uma fortuna enquanto você joga ping-pong. Mas o fato éque se vc se desliga da música, do som, da dúvida, acabase renovando para ouvir de um outro jeito e pensar em uma solução. E é importante fazer algo que dê prazer, pois a alegria é muito criativa. O prazer, a auto-estima, a auto-confiança, tudo entra em jogo. Viver é lúdico.

Engraçado dizer isso, que viver é lúdico, quando sei que a maior parte das pessoas não gosta de alegria. Verdade. Veja só o pessoal que detona minhas músicas. Dizem que são bobas, chatas, qualquer coisa que o valha e a razão é só uma: elas são alegres, na sua maioria. Sempre fui voltado para a comédia. Sempre. E sei que o preço é esse: te acham menos importante do que aqueles que só falam sobre sofrimento. Um sofrido é muito mais respeitado que um alegre. É um absurdo mas é verdade. Dizer que um cara é sério é um elogio. Logo, dizer que é alegre é uma depreciação. Pois eu sou alegre e esse é o meu jeito. E pago o preço de não ser sério numa boa. Já fui triste e já fui feliz e sei que ser feliz é muito melhor. Foda-se o fato de não inspirar respeito. Vale o preço. E outra coisa: já fui pobre e já fui rico e ser rico é muito melhor. Se te disserem o contrário duvide. E apesar de já ter ficado folgado de grana nunca deixei de ter alma de pobre. Ela é que me faz feliz. A despreocupação, sei lá.

Lembro de observar isso no Maracanã. O pessoal que mais se diverte é o da geral. No maraca é assim: tem a arquibancada, as cadeiras e a geral. O geraldino, fica em pé em volta do campo, só vê os jogadores do joelho pra cima pois a geral é abaixo do gramado. E todo mundo, das cadeiras e das arquibancadas, joga tudo na cabeça deles. Mas são eles que se fantasiam para ir ao jogo, que levam faixas engraçadas, que pulam atrás do corner para aparecer na TV, que mais cantam e pulam. E são as duas torcidas misturadas. Raramente sai briga. Já o pessoal das cadeiras é o que mais brada, mais xinga, mais reclama. Uma síntese da sociedade brasileira.

Bloco de Notas do Leo Jaime

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