16.3.03

Admiro quem sabe amar à distância: não é fácil para ninguém amar sem contato físico ou visual. Imagine que seu filho saia de casa hoje. Nada se altera se ele resolve morar duas ruas depois da sua; entretanto, se essa distância aumenta para um outro estado ou até mesmo um outro continente, tudo se amplia: a preocupação, a aflição, a saudade. Só quem ama alguém à distância sabe como é bom e triste ouvir a voz saudosa ao telefone e não poder tocar o rosto de quem diz “alô”. Só quem ama de longe sabe como é gostoso e deprimente ler uma carta e sorrir por saber de eventos que não participou. Só que ama separado sabe como é belo e deprimente voltar prá casa ainda com outra saliva na boca e apenas um aceno de mão pela janela do ônibus. Mas também só quem ama afastado é capaz de dizer como é bom ver um rosto há muito sumido chegando no portão. Só quem ama sem estar por perto sabe como é gostoso sentir o abraço há tanto a esperado. E só que ama sem tato ou visão sabe como é bom entrar em um avião sabendo que é a última vez.

Alea Jacta Est

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