7.3.03

E seu encontrasse no hall do grande teatro a mulher da minha vida? Passeando às três da tarde de quinta-feira. Ou o homem da cabeça de papelão? E se eu dissesse que quero o homem da cabeça de papelão e sorrisse para ele? E se eu, que sempre me atraso, me atrasasse um pouco mais, pra ver se encontro a mulher da minha vida ou o homem da cabeça de papelão. Ou vou sempre me torturar porque, em cinco minutos, talvez um dos dois passasse por ali. Lendo um panfleto, olhando distraídos mensões honrosas nos painéis. Mas não. Porque no meio de tanto mármore fresco e luz natural, todos se conhecem e se comprimentam. Só eu me sento sozinha, insegura e ignóbil no banco de madeira ao centro do salão. E nem assim me noto. Não me vejo dentro da cena. E quando passarem, de mãos dadas, a mulher da minha vida e o homem da cabeça de papelão, estarei presa, petrificada de mármores no centro da sala, dizendo que gosto do estilo e que o casal combina.

(...)

Esta noite dormi nua e casta pra pensar em você.
No quarto escuro, um pouco quente do verão, a janela aberta, imaginei não as cenas de sexo de livros para moças, mas algumas conversas insones e os faróis marcando a sombra da janela no teto.

A Teus Pés...

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