FIM DO MUNDO (I)
Acordei, depois de uma noite repousante de sono. Mas não estava no meu quarto, nem na minha cama. Olhando para cima, vi tudo azul e branco. Ao meu redor, o chão, tudo azul e branco. Com listras. Não dava pra ter noção de distâncias, paredes, horizontes ou limites. Tinha um velhinho, magrinho, barrigudo e de barba branca, de pé ao meu lado. Me virei e perguntei (pergunta típica do amnésico, ou pós-bebedeira):
Onde estou? Eu morri?
- Não, garoto, você não morreu, foi o mundo que acabou.
Caramba! E não é a mesma coisa?
- Não.
Acho que não estava muito bem acordado. Levantei, tirei a remela do canto do olho (é, mesmo no fim do mundo você ainda tem que tirar remela do canto do olho), e olhei bem para aquele tiozinho.
Mas o fim do mundo não é quando todo mundo morre?
- Não.
Mas então como o mundo acabou?
- Garoto, você não percebeu os sinais? Tudo indicava que o mundo ia acabar!
Que sinais?
- Egüinha Pocotó, Lacraia, Big Brother, Santos campeão brasileiro, você parou de beber...
Tá, tá, já entendi. Como não tinha percebido isso antes?
- É, você vacilou.
Mas eu não estou morto?
- Não. Você veio para o lugar onde todos vieram quando o mundo acabou.
E por que não vejo ninguém além de você?
- Aqui ninguém vê ninguém do mundo que acabou. Estão todos aqui, mas incomunicáveis, como você.
Mas como o mundo acabou? Choveu merda em todo mundo, explodiu tudo, caíram meteoros...
- Não, nada disso. Fez "puf" e acabou.
Hã? Quer dizer que o mundo acabou num grande e estrondoso "puf"?
- Grande e estrondoso, não. Só um "puf".
Só um "puf"?
- Só um "puf".
Eu ainda tinha muita coisa a descobrir...
fios cruzados do Eletrochoque!!!
18.3.03
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