19.3.03

Olha só: estamos na terça-feira! Hoje, diferente de ontem, o sol faz uma festa pra esse boboca aqui. Como é dia de rodízio, saí bem mais cedo de casa.
Dirigir com menos carros na rua, makes me wonder, como sugere Plant. Hoje o dia tem todas as armas pra me provocar: textos atrasados, comerciais fora do prazo, telefonemas perobas e uma inevitável sessão bancária. Quer dizer: muito parecido com o dia de ontem. Talvez a única diferença seja que o Grande Arquiteto não deu a guerra de presente para aquele imbecil.Enfim.

Antes de chegar ao escritório do RA, parei pra padariar. Há menos de um mês por aqui, ainda não elegi minha padaria favorita.Visitei todas e nenhuma ainda ganhou o AFP (alvará de funcionamento Pato). Essa que escolhi hoje me recebe pela segunda vez.Hum.Hoje foi diferente.Parecia que ela estava me esperando. Esse solzinho de terça-feira tem efeitos alucinógenos. Sei lá. Deu barato quando entrei. Entrei pensando nas coisas chatas de meu dia e que não tinha nada de interessante pra postar. E isso me preocupou, porque de alguma maneira fiz ligação com a veia criativa que teria que aparecer nos textos que teria que redigir para o ganha pão. Pão. Pedi um pãozinho e um expresso. E bem no meu nariz, colado no vidro, um recorte de jornal que o dono da padoca deixou ali orgulhosamente. Era um texto do Ignácio de Loyola Brandão. Tem gente que acha ele brega, lugar comum. Eu não, pra mim é como um amigo antigo.

Quando meu pão chegou eu já tinha embarcado na conversa mole do Ignácio: "Sábado, 7 da manhã, caminho devagar pela rua deserta. Da minha casa à CPL, a padaria da esquina, são menos de cem metros. Um sol tímido."
Bom, aquilo ali deixou minha terça-feira mais singular ainda.
"...Nessa hora do sábado ainda não há fila, na padaria. O pão caseirinho, especialidade da casa, está saindo do forno. Quase posso ver o vapor subir da cesta..."

A padaria do Ignácio, era a mesma padaria que eu estava e eu comia o mesmo pãozinho que ele comeria mais `a frente, na cronica. Essa bobagem me aqueceu, me acordou e me lembrou que o Grande Arquiteto constantemente manda sinais pra gente; uns mais claros, outros mais subjetivos. Mas manda. Na mesma crônica, Loyola fala do Dusek, um outro cara meio mal entendido pelas pessoas e que eu amo de paixão. Amo porque Dusek parece uma máquininha de criar, escrever , tocar e do bom humor.

E o Ignácio fecha a crônica dele de maneira acadêmica, lugar comum mas maravilhosa. Pra usar as palavras dele, uma grande paz bateu na anta aqui. Lembrei o que a minha pata me disse na noite anterior pra me acalmar e sorri. Acabei o pãozinho, bebi o último golinho do café e paguei a conta da minha nova padaria favorita, a CPL. E saí mais feliz acreditando que esta terça-feira esconde muito mais que um solzinho quente de fim de verão.

saindo quentinho do Patos e Fotos - Radio Blah

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