11.3.03

Saudade 4: da universidade. De ver amigos todos os dias, quase que invariavelmente. De matar aula e ficar a noite conversando no corredor sobre algo mais importante. Não de ser obrigado a estudar o que professor quer, mas de estar fazendo coisas, ocupando o tempo, tendo uma desculpa. De conversar com professores que são mais compatíveis do que a maioria dos colegas. De sentir o espírito da coletividade e de uma sede dessa coletividade. De ser reconhecido por uma coletividade e de reconhecer outros indivíduos dentro dela. De comer barato no R.U. e de usar internet na velocidade da luz. De ter uma biblioteca à disposição. Um texto que eu escrevi logo após a entrega do meu trabalho de conclusão ainda não perdeu a validade. Trechos:

"Fim da universidade. Fim de um período de 17 anos de aulas e de salas de aulas. Fim de uma muleta que nunca me foi apresentada como muleta. Nunca me disseram que depois da formatura tudo ficava estranho, como se fosse um eterno pós-maconha. Nem colegas, nem professores, nem amigos, nem amigas, nem pais, nem mesmo eu me disse isso a partir de uma dedução simples. (...) Eu sempre tive uma série. Em que série tu tá? Tô na oitava. Em que série tu tá? Segundo ano do segundo grau. Em que série tu tá? Tô na faculdade. Que curso tu faz? Jornalismo. Em que semestre tu tá? Quarto. Quando tu se forma? Em 2001/1. Inverno de 2001. E agora? Em que série eu estou? (...) Fim da universidade. Está na hora de viver o meu tempo, a minha geração. Sem heroísmos e sem depressões. Apenas uma vida divertida movida pelo prazer de ter amigos e de reuni-los numa festinha especial; na minha casa é uma honra, mas pode ser nas outras. O prazer de criar músicas, fazer jams, ter idéias de textos, projetos. Pensar nas coisas perfeitas, aquelas que provocam AQUELA sensação, sabe?"

A liberdade é mais difícil.

DOUGLASDICKEL

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