25.4.03

Dez coisas

1. Você já parou para pensar sobre como vai morrer? Velha e dormindo? Atropelada por alguém que ia ao Carrefour comprar dentifrício? Com um tiro, em troca dos R$ 50 que você não entregou ou não tinha? Nos braços de uma mulher? Tenho pensado na morte com freqüência desde os 9 anos, pelo menos. Fico olhando para os nós dos meus dedos e digo, para os nós apenas, puxa, virarei pó. Pelo convívio com a idéia, morrer não me incomoda. Ao contrário: dá uma justa perspectiva às coisas.

2. Para o que você vive? Por um bom pedaço de bife?*

3. Morrissey, em Cemetery Gates, pergunta onde estão aquelas pessoas 'com amores e ódios e paixões como as minhas/ elas nasceram e depois viveram e depois morreram'. It seems so unfair, I want to cry. Não acho injusto e nem quero chorar por quem se foi. A cada qual seu período. Que vivam. Eu vou.

4. Diga de uma vez todas essas coisas bonitas que estão embaixo da sua língua antes que ela morra. Isso não vai te matar, então diga. Ela não quer um réquiem.

5. Será que atribuir valores às coisas (a minha tão amada caneta Parker, a minha sagrada cerveja enquanto rebolo esta bundinha gostosa no meu bar favorito) nos salva ou nos condena?

6. E a convivência com os outros, será que nos ensina alguma coisa ou nos leva ao encasulamento? Digo sempre que a Rua Augusta é a prova do meu amor pela humanidade: agüentar o ronco de um motor às 3 da manhã sem ir pra sacada e gritar FILHADAPUTA não é para qualquer um. As pessoas não se dão conta do barulho que fazem. Nunca.

7. Amigos deveriam vir com a tecla PERDOAR.

8. Vamos então morrer todos cancerosos para que as pessoas continuem a levar suas vidinhas insossas?

9. Por que o meu cdplayer se desliga sozinho toda a vez que passo pelo Banco Safra, na esquina da Augusta com a Paulista?

10. Vamos todos morrer. Viva.

* A pergunta é do Lama Yeshe, mas formulada de outro jeito.

questões do Tome Uma Xícara de Chá

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