- Help !! Help meeeee !!! -uma mulher na escadaria ao lado estava gritando, metida num hobby amarelo limão e rosa, lenço na cabeça. Olhei escadaria abaixo, um homem deitado de bruços numa poça de sangue, um pedaço de metal preto na mão. O motorista do taxi ficou sem saber o que fazer, desceu, eu desci também, cheguei mais perto, depois fiquei como uma besta olhando a mulher nos degraus chorando, sem saber o que fazer.
- My daughter, he shot my daughter !!!! - eu não vi a filha, não entendi, vi logo um carro de polícia do outro lado da rua, eu e o motorista de taxi gritamos para eles, acenamos, eles pareciam não ver, nem ouvir, como não ?
Frio, frio do cacete, o sangue não é vermelho, é quase roxo. Paguei o motorista, vi os policiais correndo, arma em punho, um deixou um molho de chaves cair na calçada, o outro foi prédio adentro, a mulher seguiu, mas ainda gritava ou chorava, não sei direito.
Ninguém afastou a mão do homem caído da arma, como fazem nos filmes. Nem checaram para ver se ele estava mesmo morto. Estavam pasmos como eu. Que me arrepiei, achei que o cara ali ia levantar e usar a arma na gente. Caminhei até a esquina de costas, e desta vez não fiz questão de esperar pela ambulância, que chegou assim que eu meti os pés dentro de casa, luz vermelha e branca que inundou as ruas.
Tudo isso aconteceu agora, aqui na esquina de casa, quarta-feira, 1h14am.
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Perdi a vontade de escrever sobre qualquer outra coisa
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update: sim, foi crime passional. eu sabia
s t r i p p e d
5.5.03
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