Me lembro como se estivesse lá. A casa verde de portas e janelas azuis, as samambaias na janela, as bicicletas presas nas pilastras da porta da frente. Por dentro as mesmas paredes verdes, os moveis velhos, o chão de cimento batido e os quartos com cortinas no lugar das portas. O corredor cheio de mini-escadas por onde tantas vezes corri, o quarto de bagulhos, o outro em que eu dormia, a sala de estar onde rolavam os almoços e a cozinha. A cozinha era um dos meus locais preferidos. No entardecer a minha madrinha esquentava água e colocava numa daquelas bacias redondas e me dava banho e obviamente eu molhava tudo. Depois ela me enchia de alfazema e preparava o meu leitinho. Me sentia uma princesa. Na sala de estar havia uma porta que dava pro quarto da minha avó paterna. Ela adorava bonecas e sempre que eu ia pra lá levava uma de presente. A ultima que levei tinha até carrinho. Na cozinha havia a porta que dava para o quintal. Foi nesse quintal que conheci Edgard (meu amigo imaginário), aprendi a apreciar as paisagens verdes, ensaiei meu primeiro beijo, fui muito feliz. Me lembro do cheiro de cada coisa, me lembro da voz calma da minha avó, da devoção de minha madrinha, das carreiras que eu dava nas coitadas das galinhas, das ferias no interior. Me lembro e sorriu de saudades.
Palavras achadas por uma Garota Perdida
28.5.03
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