24.6.03

Quanto estou estressado, triste ou apreensivo faço uma coisa bem legal, mas que todo mundo vai achar idiota:

— Apago todas as luzes do apartamento (isso tem que ser feito à noite);
— Abro bem a janela da sala;
— Prostro-me a um metro do vão aberto da janela;
— Invoco o mantra da reverberação extenuante;
— Respiro fundo;
— Reúno todo o ar, força, poder e energia do meu corpo e libero um urro que pode ser ouvido há quilômetros.

Sim, grito como um desesperado suicida que acaba de se jogar do último andar e se arrependeu no meio do caminho. E é daqueles urros que deixam a garganta doendo por uns 5 minutos.

É claro que toda a vizinhança sai na janela para ver o que está acontecendo.

Daí como não sou macaco, dirijo-me ao meu quarto, acendo a luz, coloco o cabeção para fora e, com ar de cínico, comento com os vizinhos de baixo e de cima, sobre essa coisa sem graça que alguém, de algum apartamento, vive aprontando. Auto-flagelação. Auto-reprimenda. Auto-crítica.

Mas que é bom, isso é.

cuca cheia de ÓPIO

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