14.6.03

retrato

em uma mensagem eletrônica chega seu retrato. preenche, enorme, meu monitor de 17 polegadas. seus grandes olhos parecem contar que têm saudades de um janeiro frio e distante. são os mesmos olhos cheios de mar. melancólicos como as ondas que rebentam na praia. você é assim. sua vida se desdobra entre o drama de letras teatrais e romances fugazes de inverno. eu decidi que quero viver e ser feliz. seu retrato é lindo, provoca-me saudoso sentimento. mas passou. acabou. página virada.

seu cabelo cresceu. meu oceano inundou. quase me afoguei nas águas salobras das lágrimas que não derramei. te disse adeus em uma carta: "time to move on". e você pretende continuar o hide and seek game. olho para o monitor. você não é mais meu. nem nunca será. esboço um sorriso. você continua lindo, mas esta sua melancolia, esta sua arte da tristeza e da distância. não. não a quero mais.

te olho e te vejo: distância. você já é outro. eu também sou outra. mas o que pretende enviando-me fotografias? não meu querido. eu não vou participar deste jogo. eu quero brincar, quero ser lúdica. mas não quero mais jogos amorosos. pode me enviar retratos, músicas românticas, peças teatrais. não. eu sei que nada disso é para mim. nada disso é em nome de um amor. isto é sua vaidade. fique com ela. sinta-a, ame-a, deixe-se inundar pela solidão do amor não realizado. viva assim, se é o que deseja. eu não. eu quero amar de verdade. ou não amar de mentira.

adeus

boop it

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