26.7.03

Diga as coisas para o vento e eu não vou dar atenção, mesmo que entre elas saia o meu nome.
Porque você está falando com o vento, e não comigo. E se você não fala comigo, eu não tenho nada que me meter no seu diálogo monologado com o ar em movimento.

Resmungue o quanto quiser e eu não vou te perguntar qual o problema, mesmo que eu perceba um olhar em minha direção.
Porque você está falando consigo, não comigo. E se você não fala comigo, eu não tenho nada que me meter nas suas lamúrias e reclamações.

Grite o quanto quiser e eu não vou te interromper ou te dizer pra não fazer isso, a menos que os gritos sejam pra mim.
Porque, se não forem pra mim, são seus gritos, e você pode liberar seus fantasmas pro alto junto com seus decibéis em demasia o tanto que quiser.

Solte indiretas e olhares e eu vou fingir que nem é comigo.
Porque se você quer que eu saiba algo, vai olhar no meu olho e dizer o que precisa ser dito, de forma direta e clara.

Não gosto de cutucões.
Quer falar comigo? Use todas as letras. Mas fale pra mim.
PRA MIM!

PRA MIM!

Espero ter sido suficientemente claro.

utopia dilucular

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