Eu só queria uma coisa aos 16 anos: uma garota que gostasse de Doors. Os Doors, no colégio de classe média pagodeira onde eu estudava, eram a coisa mais obscura do mundo e, claro, nenhuma garota por lá fazia idéia da existência de 'Light My Fire'. O tempo foi passando, as pessoas ao meu redor foram mudando e eu continuei sem encontrar alguma garota que gostasse de Doors. Bem, na verdade eu não encontrei garota nenhuma.
Mas o tempo passou mais. E mais... Então, num belo dia de verão, vi aquela menina apontando para mim e rindo da minha cara. Ela tinha uma bandeira do Jim Morrison no quarto e cantava 'Wild Child'. Acabamos indo juntos a um festival de rock, ela salvou a minha vida durante um show de heavy metal e eu mal consegui um beijo no rosto.
Mas o tempo passou muito mais. Sem nenhum beijo, ela brigava comigo. Ela me mandava para fora e depois me puxava de volta. Ela inventava desculpas para não me ver e depois implorava pela minha presença. Eu ia e voltava, eu ia e voltava, eu gostava e odiava, eu gostava e odiava, eu gostava, eu gostava, eu gostava... Aquele já era o terceiro verão das idas e vindas, dos dias em que se alternavam o IN e o OUT. Numa certa madrugada IN, não tínhamos moedinhas para a passagem e tivemos que voltar para casa andando. Andando muito. Andamos tanto que, durante a caminhada, deu até tempo para que cantássemos juntos todas as músicas dos Doors. Doors, Doors. A garota que gostava de Doors estava do meu lado. Love me two times, I'm going away? Não, babe, não... I love you, the best, better than all the rest that I meet in the summer.
Logo veio o beijo. Não sei como e não interessa quando. Porque, hoje, Valerie me ama. Logo outro verão chega, com vindas e vindas. Só vindas.
escurecido por blog preto
14.7.03
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