18.8.03

Sem querer, encontrei mais vagabundos que pensam como eu. Why work?

Então no site tem esse link que trata da pergunta terrível "o que você faz?". Pode não ser uma pergunta terrível pra quem trabalha, mas pra mim e para outros adeptos do não-trabalho, é. Porque ninguém entende, por mais que você explique. hahahahahha Me lembro de antigamente ter chocado várias pessoas, mas isso foi no tempo em que eu gostava de chocar as pessoas:

- Você faz o quê?
- Nada.
- Nada?
- É. Não há nada mais revolucionário do que querer ser nada. Todo mundo quer ser alguma coisa, eu só quero ser nada.

Mas não adianta chocar, a única coisa que acontece com isso é que as pessoas passam a te desprezar mais. Digo "desprezar mais", porque elas já te desprezavam de qualquer forma, a não ser que você tivesse um cargo importantíssimo, um título importantíssimo, ou algo que pudesse ser útil para elas. Nem precisava ser tão importante assim, desde que fosse útil. Hoje em dia, por exemplo, eu não sou útil a quase ninguém. A não ser aos que não têm gravador de CDs, aos que não sabem usar o Google, essas coisas. Para algumas pessoas eu ainda sou útil. Mas vejam bem, quem foi que disse que eu quero ser útil a esse bando de chupins?

Não, nem em um milhão de anos alguém vai me convencer de que eu deveria estar trabalhando que nem uma condenada para comprar coisas que eu não quero, coisas que só serviriam para mostrar para os vizinhos que eu tenho, eles não têm êm, la la la la, nha nha nha nha, mas calma, vou exemplificar.

A Márcia. Ela é minha amiga e tudo o mais, mas desde a primeira vez que ela veio aqui em casa, ela ficou babando no meu carpete de madeira. Vejam bem a idiotice da coisa. Ela não sossegou enquanto ela não teve também carpete de madeira, então o que ela fez? Ela tem o véio rico dela. Ela fez de tudo para ele comprar um apartamento novo pra ela (na verdade, ele só pagou a diferença, o que também é uma puta grana). E agora ela mandou colocar carpete de madeira no apartamento dela. Ah, agora ela tem a mesma coisa que eu. Ou melhor do que eu. Ela também comprou um home-theatre, que ela nem sabe exatamente o que é, mas ela sabe que eu tenho. Ela fez alongamento de cabelo, porque eu tenho cabelo comprido e ela não.

Pera aí. Faz sentido isso? Será que eu deveria também sair por aí trepando com véios pra ter coisas melhores do que as dela? Ah, não sei. Tá confuso isso, mas também que se dane. hahahahaa 

Outro dia a Márcia estava cheia de dúvidas e me disse que não suportava mais o véio, que ela achava que agora ela já tem o próprio sustento e poderia se livrar dele, porque ela não agüentava nem olhar mais para a cara dele (que dirá fazer o que ela tem que fazer):

- Ainda tenho umas contas pra pagar, depois eu me livro dele.
- Mas se você pensar assim, isso não vai ter fim nunca. As necessidades são infinitas. Depois você vai querer outro apartamento, redecorar a casa, um carro novo, sei lá.
- É. É verdade.

É.

tem siris demais na ilha de toscos

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