15.9.03

a memória é um negócio curioso. eu vejo ela como uma pessoa. é. uma versão nossa-- bem pequenininha que passa o dia perambulando dentro da nossa cabeça. vestindo uma calça de moletom, um par de havaianas e uma camiseta branca daquelas puídas-- com a gola esgarçada. é. uma pessoazinha, com a sua cara que carrega uma caneta bic e um bloquinho de papel-- e que vai fazendo as anotações no decorrer do dia. e é claro-- quando você precisa de alguma informação, basta acionar a memória que ela vai vasculhar a informação que você precisa nos bloquinhos de anotações. ou-- pelo menos era para ser assim. o problema é que a minha memória é muito preguiçosa. a fila da puta não anota nada. acorda tarde. dorme cedo. e quando anota alguma coisa, anota errado. minha memória é foda. até hoje só anotou uns 6 endereços aqui em são paulo. graças a ela-- continuo me perdendo. nem nome de rua-- a fila da puta anota. nome de pessoa então, é de fuder. só para me sacanear, minha memória desenha o rosto das pessoas, mas não anota o nome. resultado: na hora que eu reencontro a pessoa, eu sei que eu conheço, mas passo por mal educado. não me lembro telefones. muito menos de compromissos marcados com mais de uma semana de antecedência, tipo dentista. é. se não ligar no dia anterior da consulta para dar mais uma chance da memória anotar-- fudeu! eu falto o dentista. minha memória é seletiva. seletiva até demais. ontem, por exemplo, fui dormir de lente de contato e sem colocar o alarme. erros dos mais básicos, que a minha memória já deveria saber de cor. mas não sabe. por isso mesmo resolvi escrever sobre a minha memória preguiçosa. essa mini versão da minha pessoa que passa o dia coçando o saco dentro da minha cabeça. é. resolvi escrever sobre ela por duas razões. a primeira, e mais óbvia, é que eu-- literalmente esqueci o que eu ia escrever aqui quando liguei o computador. e a segunda razão, bem, sinceramente, eu não lembro.

caráio! sem memória

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