5.10.03

COÇAR OS COLHÕES: UMA ARTE AO ABANDONO

Não sei em que comissão paneleira se decidiu que coçar os colhões é passatempo rústico. Tal ideia não podia estar mais distante da realidade. Coçar os colhões é um prazer contemplativo, próprio de gajos sofisticados e meditabundos. É, aliás, uma actividade que convida à reflexão. Descartes postulou o cogito com o escroto pustulento, tal tinha sido a intensidade com que as unhas haviam friccionado os colhões. Kant teve de aplicar uma cotoveleira de cabedal ao invólucro da colhoada, caso contrário teria chegado ao fim dos seis anos que levou a escrever a Crítica da Razão Pura com um buraco no escroto, e ele sabia que ninguém engoliria a patranha do apriorismo se aparecesse a explicá-la com um colhão fora do saco.

Apesar do inestimável contributo desta prática para a História da Humanidade, o preconceito social continua a pairar, qual afiada picha de Dâmocles, sobre o cu de quem esgatanha a escrotal sacola. Quantas vezes não fomos já apanhados a coçar os colhões por uma gaja apenas para ouvirmos a pergunta sacramental: “Mas tens assim tanta comichão aí?” Indago: é esta a sensibilidade feminina que tanto se apregoa? O raciocínio segundo o qual só se coça os colhões quando há prurido no saco radica no mesmo tipo de tacanhez dos que acreditam que só se deve foder quando se quer procriar, ou beber quando se tem sede. Mas o que mais arrelia todo e qualquer proprietário de um escroto é a hipocrisia que está por trás da pergunta. Como se as bordas da pachacha não suspirassem por unha amiga que lhes arranhe o grelo! Não há no mundo crica – sarnenta ou escorreita – que não arrepele a pintelheira de gozo sempre que sente as conais beiças esgaravatadas por dedo próprio ou alheio, meus amigos. Combatamos, pois, a conspiração destas conas canhestras e maldosas. Cocemos a colhoada com denodo e pundonor, caralho!

O Meu Pipi, oh pois!

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