8.10.03

Desencana, Isa

Quando estive em BH, Raquel ficou impressionada com o fato de que tudo, absolutamente tudo, corria o risco de virar um post.

Ando na rua. Chove. Penso na solidão das noites de chuva. Mentalmente, escrevo um post. Cinco minutos depois, já esqueci.

Leio o email da Patsy. Ela fala de Sampa. Penso em Caetano, meu coração bate mais forte pela esquina da Ipiranga com a São João. Mentalmente, escrevo outro post.

Penso nos relacionamentos on-line. Nas expectativas que as pessoas têm quando se encontram, de fato, na vida real. No desejo - impossível - de corresponder à fantasia do outro. Mentalmente, escrevo mais um post.

Converso com Gabriel sobre Macs e PCs. Penso nas aspas inglesas, na minha fissura por tecnologia, nas origens deste interesse. Lembro o quanto o mundo virtual me encanta, há tanto tempo. Mentalmente, tudo isso vira mais um post.

Passam das onze da noite. Coisas e mais coisas, como flashs, como relâmpagos, passaram na minha cabeça ao longo do dia. O café que eu tomei na esquina, o taxista que ouviu minha conversa, a mulher gorda ao meu lado, a mulher louca com quem conversei horas a fio.

Tem também as frases que disse e, na hora, achei absolutamente geniais, mas já esqueci todas...Ah, vai ver que nem eram tão boas assim. Mas naquele instante, mentalmente, também viraram um post.

Tudo isso se processou numa espécie de liqüidificador e virou este post. Desencana, Isa. E pára de transformar a vida em post....

elasporelas

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