Fragmentos sobre o abismo
(d'aprés uma ótima conversa com a Laís)
O abismo é essa distância que existe entre você a realidade. Abismo é a sua diferença em relação ao tempo.
Abismo não é a morte, é a noite. Não é a vida, é o dia que se anuncia quando o seu despertador dispara.
O abismo é a dissolução de tudo - sujeito e objeto, bem e mal, certo e errado, esquerdo e direito, dentro e fora.
O abismo é necessidade imperiosa de racionalidade. O abismo não é o caos, é o pavor ao caos. O abismo não é a loucura, é a percepção de que a loucura está ali, a sua espreita.
O abismo é, sobretudo, fora. Fora de si. Não é a embriaguez, é a lucidez em excesso. Não é a cegueira, é a visão absoluta. Não é o silêncio, é a música que entorpece. O abismo é entorpecedor.
O mais fácil é pensar o abismo como o contrário disso tudo. Mas o contrário disso tudo é só o clichê do abismo. O abismo, mesmo, não te afasta.
Ao contrário, o abismo é algo que te atrai o tempo todo. Para um mergulho profundo, inteiro. Pleno. De solidão e de dor.
elasporelas
4.10.03
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