9.10.03

Maria Luiza

Há uma casa em um lugar chamado Maria Luiza. Há um pedaço de mar que encomendei e que pode ser visto quando saio e caminho pelas ruas da cidade que desenhei. Passo a mão sobre o dorso de meu cachorro e ele me sorri em lambidas. Eu e ele caminhamos agora sobre os traços de nossos mapas. Há uma garrafa de vinho chileno para as noites de frio na casa que nos espera. Pico o queijo, ajeito a toalha, sinto o cheiro do banho. Preciso de mãos que deslizem hidratante sobre a pele que queimei quando os meus olhos se distraíram com o azul. Deslizamentos sobre Maria Luiza provocam confusões no trânsito. Faço um sinal com o dedo sobre lábios em sorriso. Os vizinhos ainda não sabem de nossa presença e não quero que invejem o amor que planejamos. Há um pedaço verde em um canto qualquer de um papel dentro de minha gaveta. Nele coloquei um nome mas não uma data. Tenho na mochila tudo o que preciso. Sei da fogueira sinalizando um sorriso. Queimo também.

Walkwoman

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