Nunca entendo o motivo das pessoas saírem de casa. Suponho que tenham casas ruins.
Aquela multidão de pessoas na avenida, paradas vendo teatro de rua ou coisa que o valha, todas com casas ruins.
Aquelas pessoas paradas no shopping vendo a tevê que fica na vitrine, o que diabos é aquilo?
Amundsen e Scott e sei lá mais quem atravessando o polo norte de lá pra cá - só porque tinham uma biblioteca ruim em casa. Se tivessem as obras completas de Simenon não fariam isso.
Céus, uma simples coleção de devedês teria evitado o afundamento trágico do Shackleton.
Oh, mas o cinema. Sim, o cinema. Cinco vezes em seis você sabe que vai sentar perto de alguém que fala alto mesmo. Na sexta vez é alguém que fede.
Meu ideal era arranjar uma namorada que gostasse de ficar em casa, mas eis a regra: mulheres bonitas gostam de sair, justamente porque são bonitas. Mulheres feias é que gostam de ficar em casa (justamente porque são feias).
Talvez eu pudesse encontrar um meio-termo, uma mulher mais ou menos, que gostasse de ficar no jardim, sei lá eu. Ou, melhor ainda, uma mulher linda que se achasse horrorosa, que tivesse alguma espécie de trauma com relação à aparência. Eu nunca diria o quanto ela é linda. Não, não. Ela perguntaria se é bonita e eu esperaria cinco segundos, simulando constrangimento, antes de dizer: “Que é isso, até que você está bem.” Dando um tapinha no ombro dela para animá-la.
Há muitas mulheres assim, as mulheres lindas têm todo tipo de insegurança, vocês é que estragam tudo dizendo o tempo todo que elas são lindas.
o ermitão Alexandre Soares Silva
22.10.03
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