8.10.03

Teatro

Há a peça, há os atores e há você. Você talvez não seja a atriz principal. Em compensação, você é o cenário, o figurino, o roteiro, a direção, a iluminação – Você é luz/É raio, estrela e luar –, você é o público e as poltronas puídas em que ele se senta, é a bilheteira mal humorada, o cara que toca a campainha para anunciar o início da peça.

Quando durmo, e começa a peça surrealista dos meus sonhos, você é a esfinge que cai do céu, espalhando enigmas por todos os lados em forma de esferas com ideogramas chineses. Você sai correndo com minhas roupas enquanto eu fico nu no meio da Avenida Paulista. Eu corro e não saio do lugar; é você me segurando. Eu começo a cair e foi você quem me empurrou. Eu vôo, mas é com as suas asas. Morro e vou para o inferno, julgado por você.

Eu precisava tirar você do meu teatro. Eu era ator principal desse negócio; agora me contento com qualquer figuração: acho que o tempo dos palhaços tristes ficou para trás.

Jesus, me chicoteia!

Nenhum comentário: