31.10.03

Terminal do Guadalupe

De manhã, não importa o quanto eu arrume o meu cabelo, lute e brigue com ele por não estar do jeito que eu gostaria, de qualquer jeito, eu vou passar ao lado do Terminal do Guadalupe, e sentir aquele odor curtido de urina, vindo dos sanitários públicos. Ainda é 11:15 da manhã. Não importa o quanto a minha cara esteja amassada, e a barra da minha calça suja, ou as minhas botas empoeiradas e mal engraxadas, o cafetão gordo e cearense, que fica sempre parado no telefone público, cuidando do movimento da rua, e conseqüentemente das suas putas, ali próximo à Travessa da Lapa, vai me abordar e dar "bom dia moça, vai almoçar comigo hoje?". E se eu não andar rápido, e não for precisa no meu movimento de desvio, o cara ainda me passaria a mão na bunda. E já pensou? Brigar com um fulano desse em plena calçada? Perigo levar uma navalhada, e agora, não temos mais a Tribuna, com suas páginas sangrentas pra eu ser capa, ou destaque, com foto colorida, na sexta-feira do Hallowen.

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Comprei uma estola de plumas. A verdadeira estola de plumas. Elton John style! Dá a volta no pescoço e ainda bate no chão. As plumas alaranjadas. Tinha cor de rosa, tinha sim, mas quer saber? Eu mudei. De repente voltou aquela vontade de comprar uns Raybanitos de camelô, muy estilosos! E onde é que eu vou com toda essa parafernália? Sei lá, o mundo é enorme! Posso me rebatizar, virar travesti, e a partir de agora ser Dan-Dan, a louca.

Blue Idol

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