7.12.03

As Banhistas

Quando tinha 7 anos, fazia natação no clube do bairro, o Grêmio Náutico União. Não estava preocupado em nadar. O mais delicioso era deixar a água e se arrumar. Suportava os lábios roxos e os pés murchos para me aquecer no bafo do vestiário. Minha mãe me levava para o banheiro feminino. Enorme, meninas, moças, mulheres e idosas nuas circulavam impunemente. Desviava o olhar para o tapete e levantava pouco a pouco, tal lona de circo. Mexiam nos meus cabelos, um bibelô em cima do banco de pedra. Privilegiado e inofensivo. Não sei como minha sensibilidade não ficou vesga. Seios fartos, pequenos, mínimos, médios. O trânsito das portas e das duchas paralisou meus sonhos até a adolescência. Estou parado anos nesta lembrança, fixando uma por uma das nuances para me lembrar do que não vi por timidez.

Fabricio Carpinejar

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