12.2.04

Cap. MDCMMC

Naquele momento éramos somente eu e o terrível pônei de briga. O pônei resfolegou, raspando o casco contra o azulejo, e investiu furiosamente contra mim, tomando-me por um clitóris. Por instantes, pensei em esmurrar-lhe a cara, mas decidi que seria melhor contra-atacar às dentadas. Quando o maldito pônei, em sua desabalada carreira, passou por mim à toda, fracassando em sua patética tentativa de me chifrar, fui eu que me pus a persegui-lo, correndo o mais que podia. O pônei surpreendeu-se com minha atitude. Aproveitei-me da sua perplexidade momentânea e me atirei sobre seu lombo, segurando firme na crina e apertando as pernas contra seu corpo estreito de pônei. Então passei a mordê-lo ferozmente, que cada mordida que eu dava, um naco de carne saía.

O pônei gritou.
Aquele terrível pônei de briga gritou.

Percebendo que estava em vantagem, passei também a socar a nuca do pônei com toda a força. Se eu tivesse um canivete, uma faquinha de passar manteiga ou mesmo uma pedra, aquilo seria a morte do pônei. Mas, pelas circunstâncias em que me encontrava, ou seja, absolutamente nu, a não ser pela maravilhosa tiara que adornava minha cabeça, recebida diretamente das mãos da Catraca Imóvel do Mundo, por essas circunstâncias eu não tinha nada melhor a fazer que socar a nuca do pônei e continuar a arrancar-lhe postas de carne com meus dentes.
(...)
O pônei tomou o assento do motorista, enquanto eu pulei para o banco do carona, trazendo comigo o Orgone Device.
- Toca pra Brasília – disse eu, em tom de deboche.
- Só se for agora – respondeu o pônei, e meteu o pé no acelerador.
(...)

Radamanto

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