12.2.04

gêmeas

- você vem sempre aqui?
- só quando quero fazer xixi. muita cerveja.
- ahn.
- e você, vem sempre aqui?
- só quando quero reconquisar minha namorada, sempre que briga comigo ela se refugia no banheiro. aliás, a salada de atum dela está uma delícia.
- ahn, é verdade... e pela sua cara frustrada não deu muito certo, né?
- pior que deu. ela saiu pouco antes de você entrar, parecia contente.
- e então, o que você ainda está fazendo aqui?
- estava esperando por você. sabia que você viria atrás de mim.
- eu não vim atrás de você. vim só fazer xixi.
- tem certeza?
- eu não, mas minha bexiga tem. se você me permite (ela aponta para a porta do banheiro).
- não (ele senta-se no chão, de frente para o vaso).

sem titubear, ela levanta o vestido e aboleta-se no vaso sob o olhar atento dele. o som da urina batendo na louça toma conta do ambiente.

- eu não vou fazer isso com minha irmã, esquece.
- ela já me contou que vocês enganaram diversos namorados. e não deve ser difícil, vocês são idênticas.
- nem tanto assim.
- claro que são. até as roupas. tua mãe mesmo confunde.
- você não?
- não.
- tem certeza?
- claro.

ela silência, o xixi termina. veste-se e sai do banheiro, não sem antes dar um beijo no cantinho da boca dele. ele titubeia, demonstrou convicção na afirmativa, mas realmente não sabia quem estava à sua frente. idênticas, cópias perfeias, dos hábitos aos gênios. continuou sentado, esperando voltasse para esclarecer a dúvida. tinha certeza que ela voltaria. mas quem surgiu foi a avó delas, reotrcida com a cólica que adonou-se da coitada após provar a salada de atum de uma das netas, que ela não sabia o nome, pois também confundia. pobre senhora, detestava frutos do mar e comeu achando que fosse frango. entrou porta a dentro insultando seu organismo irregular. ele mal teve tempo de esconder-se dentro da banheira antes do odor desagradável adentrar por suas narinas e o asco tornar-se vômito.

estranhas palavras

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