12.2.04

Tá, então eu vou contar logo do episódio da banana porque as pessoas já tão imaginativas demais. Sinto desapontar a todos nesse momento, vocês que nutriam toda uma expectativa achando que eu praticava cousas pouco ortodoxas envolvendo bananas e os muitos buracos que a pessoa possui.

Nã, calma.

Então deixa eu explicar o cenário humano daquele tempo.

A minha mãe.

(sempre ela, né? praticamente uma obsessão)

A minha mãe, ela sempre foi muito preocupada com a educação sexual das crianças (as dela, pelo menos). Não queria repetir o mesmo erro dos meus avós. Queria que fosse tudo logo esclarecido, o assunto tratado com naturalidade, assim, de onde vêm os bebês logo na primeira infância e bora lá. Mas aí vocês precisam perceber que era a minha mãe. Que ela erra a mão às vezes, porque bichinha, ela tem pouca noção demais. A pessoa mais cheia de boas intenções que há, mas nem sempre funciona adequadamente. Então foi a enciclopédia da educação sexual, mainha não acha que você precisa casar virgem, minha filha, só tem que ser com um moço bom de quem você goste, mas num escolha muito não que se demorar, a pessoa vai encruando. E sempre a vida toda eternamente até encher o saco, a história da camisinha. Camisinha, atenção todos, camisinha, nunca esqueçam, quando o negócio esquentar, lembrem de mainha e use camisinha.

Que, se tivéssemos realmente levado ao pé da letra, seríamos todos donzelos para a vida toda. Ou pior, gentes com graves questãs problemáticas na esfera psico-sexual.

Aí ela comprava milhares de camisinhas no supermercado. Milhões. Ninguém fazia sexo em tempo algum nunca e nem queria, éramos todos queijudinhos de marré marré marré e o pote das camisinhas tava ali, cheio. E eu tô colocando as coisas no masculino plural, antes que vocês estranhem, porque tenho dois irmãos. E essa é a regra da gramática. Tá. Os meninos, meudeus, eram tão zé-queijinho e inocentes de toda uma vida, que usavam as camisinhas pra encher d'água e ficar jogando no corredor da sala, um pro outro. Não havia realmente o menor perigo das pessoas praticarem o intercurso, e eu disse isso a ela, "mãe, pára de comprar essas camisas, porque tá ligada que num rola nada, né?", mas ela achava que devia, e quando ela acha que deve, melhor é deixar pra lá, num discuto.

Pronto.

Então ia passando o tempo. Ia passando e passando até que a hora do vamo-vê ia se aproximando, eu achava no meu juízo pelo menos, e aquelas camisas ali, e eu, e você ouve as pessoas falando, né? Não, porque camisinha faz o sujeito brochar, porque camisinha é uó, porque camisinha é ruim de colocar, porque a pessoa morga ali no meio do processo, porque. Mas tem que usar, de qualquer jeito em qualquer tempo tem que usar, meudeus, se eu num usar minha mãe me mata, valha-me, quero nem pensar. Eu acho que eu nem tinha o clássico medo de doer, de dar xabu, não, porque na verdade eu tinha o grande medo maior de todos, que era o de ser impenetrável (tapada, ou isso), mas depois desse maior medo de todos, vinha a história da camisinha. Meudeus, todo um processo se desenrolando, veja bem, já uma dificuldade, daqui que eu arranje um sujeito que me deflore vai ser um milênio, ainda mais um que seja bonzinho e legal, e depois de toda essa jornada em busca do pote de ouro, a pessoa correr o risco do cidadão se desanimar por causa da camisa? Num pode. Num pode de jeito manêra, Cristiane. Aprenda todas as técnicas possíveis que existem no mundo pra pessoa vestir a camisinha sem desandar a receita, e logo, e rápido, porque ninguém sabe quando é que o troço vai acontecer.

Tá.

Aí entra a banana, o "objeto" na casa da pessoa que mais se assemelharia a um pinto. E dizia que quanto maior mais difícil, escolhi uma banana super-extra-GG. Umas camisinhas, certo, lá do pote, e praticaremos. Não deve ser difícil.

A pessoa então se põe em seus aposentos e passa ali algum tempo. Porta fechada mas aquela coisa, sem chave. Tava ali na labuta de descobrir minhas habilidades quando o -mor chega do nada e dá uma batida na porta e entra sem esperar muito (é assim: quando as pessoas batem é só pra cumprir protocolo, que ninguém espera você dizer "pode entrar" nem nada da espécie - isso até hoje). Pois bateu uma vez e eu contraí os meus músculos todos que há e joguei tudo pra baixo da cama. Camisas e banana e coisas, fui o gatilho mais rápido do oeste. E o mongo entra então e diz algo como "purra! vem ver um negócio aqui na televisão! rápido!", e eu já dou um pulo da cama com um entusiasmo pra ver uma coisa na tevê como nunca houve antes. Ou depois.

Não lembro o que era, mas me entreteve de maneira tal que esqueci o "material" ali embaixo da cama pra sempre.

Pra sempre até sexta-feira, que era o dia de faxina aqui em casa, e a pessoa chega então da escola ali pelo meio-dia e vai entrando contente, imagine, tarde de sexta-feira, só a alegria no coração, lalalá, dobro no corredor e tá tudo lá: banana extra-mega-GG VESTIDA com uma camisa, camisas "usadas", camisas intactas (hoje penso que eu era muito estragada, ou a memória faz isso de multiplicar as coisas, mas o que ficou na figura do juízo foi aquele monte de camisa junto com o lixo varrido do quarto e a banana, claro).

Isso Tidinha (a faxineira) varrendo e limpando e assobiando assim, como se não tivesse acontecendo nada.

Minha primeira reação então, instalado o pânico, foi gritar.

- AAAAAHHHH!

Desse jeito que as pessoas gritam.

O que é que eu faço mamãe o que é que faço agora? Estou destroçada. Vão tirar meu couro até o fim dos tempos. Como vou explicar isso etc. Aí veio o arco-reflexo da atuação que mereceu muito o Oscar, tu vai ver que um dia eu ainda ganho o douradinho por my lifetime achievement e esse dia terá importância crucial na história,

- O QUE É ISSO? AAAAHHH! DE ONDE VEIO ISSO, MEUDEUS?

E Tidinha olhando pra mim com aquela cara de "tá, conta outra então que tu num sabe de onde veio, danada!" e disse "humm, tava debaixo da tua cama, Cris...", e eu continuava, louca, desvairada, surtada, descompensada,

- CADÊ MAINHA? MAINHA!? MAIIIINHA TU JÁ VIU ISSO, MAINHA?! MEUDEUS É UM ABSURDO! O QUE ISSO TAVA FAZENDO DEBAIXO DA MINHA CAMA, MEUDEUS???

E mainha, que não tinha visto nada ainda (muito bem, Flipper!), veio pro corredor e caiu numa risada a maior de todos os tempos.

- TÁ RINDO DE QUÊ? AGORA ME DIIIIGA DO QUE É QUE VOCÊ TÁ RINDO! Mainha, isso NUM TEM GRAÇA! As pessoas ficam fazendo coisas NO MEU PRÓPRIO QUARTO! E nem pra jogar fora! MEUDEUS, É O FIM DO MUNDO, MAINHA!

Pra ela parar de rir foram uns cinco anos. E ficou estabelecido então que num tinha sido eu. Foi algum dos meus irmãos que, muito desconcertado, não quis assumir a culpa. Mas todo mundo sabe que se num foi um, foi outro. Claro que a parte da banana impedia que um dos dois assumisse a culpa, que isso envolvia toda uma mudança de intenção sexual talvez, então chegou uma hora que eu disse "mãe, melhor deixar isso de lado, né? esquece... vai traumatizar os pobrezinhos", tenho certeza que minha cabine particular de altíssimas temperaturas pra queimar eternamente no fogo do inferno tá reservada desde já.

mon coeur vomit

Um comentário:

ham? disse...

hahahaha

mtu engraçado kra...
isso ja aconteceu uma ves comigo tbm(minha mae achou minhas camisinhas)so q ela e meio das antigas... e me pergunto: pra q vc precisa d camisinha!!

iuheaoiuahoiuhase
show d bola seu blog

abraços