Clotilde
OK, devo confessar: eu tenho uma ressaca de estimação. A danada se chama Clotilde e é uma minúscula mulher-das-cavernas, que fica agarrada aos meus cabelos, esmigalhando tijolos nas minhas têmporas enquanto chuta minha nuca. Qualquer deslize, qualquer tacinha a mais de Bailey’s com gelo, qualquer jarrinha de tequila com soda e limão... batata!. Dia seguinte eu já levanto da cama com a Clô grudada na minha cabeça.
Os médicos mandam a gente se hidratar, comer coisinhas leves com pouco tempero e ter juízo da próxima vez.
Minha mãe me diz que o bom pra ressaca é um copão de suco de tomate com vodka logo ao acordar, ou cerveja preta batida com ovo no café da manhã. Mas quando foi que a minha mãe já me deu um bom conselho nesta vida? A teoria assombrosa dela é a seguinte: se a ressaca só aparece quando ficamos sóbrios, devemos continuar bêbados. O mundo está perdido.
Deixo minha mãe e seus elefantes cor-de-rosa pra lá, e sigo o que os médicos dizem.
Não sei vocês, mas numa hora dessas, com Clotilde babando nas minhas orelhas, eu não posso nem pensar em receitas elaboradas, formas untadas, ingredientes rebuscados, cheiro de comida condimentada e, que Deus me perdoe, cozinha bagunçada. Eu quero uma comidinha leve, fácil de engolir e que não agrida o meu já conturbado estômago. Ah, e que, de preferência, eu já possa deixar pronta na noite anterior à esbórnia. Hum, e, claro, que eu consiga fazer de óculos escuros.
Até o Osso
9.3.04
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