DA INFÂNCIA GIGANTESCA
Adotei um cãozinho. Devia eu ter uns 8 anos de idade. Estava brincando de playmobil na rua quando vi aquela graciosa criatura andando pela calçada. Era um cão fila, com coleira. Fugira de uma casa qualquer. Devia pesar 5 arrobas e ter dois metros de altura. Gigante. Não tive dúvidas: fiquei amigo do puppydog e arrastei-o para casa. Ele era meu amigão. Dei água e presunto com queijo para o bichano comer. Quando meus pais chegaram e acharam aquele cavalo no gramado de casa, assustaram-se. O cãozinho assustou-se também.
Mais de meia hora para acalmar os ânimos dos pais e do pequenino animal.
Dias depois o dono achou-o comigo. Levou embora o Remelento — nome que eu escolhera com tanto afinco.
VIZINHOS
Meus vizinhos da esquerda chamavam-se Hiroshi Schubert e Satoshi Mozart. Dois gênios de maquinários e traquitanas Hering-Rast. Eles tomavam nescau com água, lavavam — literalmente — dinheiro, trocavam carpas vivas por frutas diversas, tinham fixação por subir em árvores, dois Moglis, sim. Ensinaram-me a contar de 1 a 10 em japonês. Aprendi a responder minha mãe quando me chamava, usando um "Hi". Escalada solo com aqueles dois, pular muros e desenhar mangás zóiudos. "Quanto maior o olho, mais alma sua personagem terá".
Eram dois irmãos meus. Muito da minha personalidade, dali.
Mudaram, mudamos. Cada um para um canto diferente.
E o tempo deixou-nos assim, sem saber qual o destino brilhante de cada um.
ÓPIO
16.3.04
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