20.3.04

Longe, o início. Perto, o fim. A névoa da incerteza invadia a sala mas ninguém poderia a ver, pois tudo estava cego, surdo e mudo. Não havia muito o que fazer senão esperar, mas como esperar se cada segundo era uma eternidade e se todos os segundos não equivaleriam a nada, daqui a algum tempo. A economia de movimentos não era proposital. Era realmente necessária, já que nada valia a pena ali.

Num panorama assim, dificilmente se mantém a sanidade. O cérebro logo desliga e nada do que acontece continua a acontecer. Até que um segundo depois, um segundo que a realidade resolveu chamar de Big Bang, o Universo se refez e eu, que era refém de uma situação de completa placidez, volto a viver. Mas o calor infernal faz com que essa minha vida não dure mais do que poucos milimilésimos de segundo, antes de ser consumido pelas chamas da explosão original. Ok, tudo bem, pelo menos posso dizer que fui testemunha ocular do início do Universo.

Mas o duro é que eu queria contar isso pra alguém..

(...)

Um, dois, três, pim, cinco, seis, sete, pim, nove, dez, onze, pim, treze, quatorze, quinze, d... pim, dezessete, d... dezoito, dezenove, pim, vinte... e um, vinte e dois, vinte e três, pim, vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, pim, vinte e o...nove, trinta!

A-há, eu sempre fui bom nisso!

A vida tem dessas coisas

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