9.3.04

O coração sabe quando o dia não há de ser o melhor dos mundos. Ele avisa no corpo quente ao acordar, quase febril, precisando de banho para refrescar-se. Avisa nos batimentos mais acelerados, na falta de sono já tão cedo para quem foi dormir às cinco da manhã. O coração sabe, sabe tudo.

O meu, bem que me avisou. Fui me deitar às cinco, almocei às cinco, doze horas depois, com compra e troca de torneiras no intervalo. Perdi a manhã, perdi a tarde, não fiz os meus deveres de casa trabalhistas. Me angustiei, chorei muito. Lágrimas salgadas. Lágrimas nunca são amargas, lágrimas são água e sal.

Dois fundos tão diferentes na minha vida. O da bolsa, difícil de encontrar, tanta coisa guardo dentro dela. O do coração, sempre à mostra como janelas sem janelas e portas sem portas para fechá-las. Exposto, na superfície, esse meu coração nada superficial.

Eu sofro, choro lágrimas salgadas e nem mesmo sei por que elas são salgadas, água e sal.

Somos choro, somos soro.

Telhado de Vidro

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