25.3.04

O dia do capeta

E eu que sempre achei que um dia o capeta em pessoa desceria no Maracanã lotado, com transmissão ao vivo pela Globo. As outras emissoras também teriam direito a um naco. Pode ser no domingo, mais ou menos no horário do Fantástico. Penso nos preparativos da semana, Jornal dos Ôgro na porta, escola de samba ensaiando. No domingo, estádio lotado desde cedo: o espetáculo começa às quinze. Em campo, Barbosa, Marta Rocha, Pelé mumificado, Mário de Andrade, Gérson, Rivelino, Chacrinha, Drummond e Grande Otelo, o Mequinho que chegue mais cedo, por favor. Também temos direito a Ronaldo cabeça-de-peteca, Santos Dumont, Fittipaldi, Gonzagão, Garrincha, Didi, Dedé, Mussum e Zacarias. Exigimos Nelson Rodrigues, a família Maravilha (Dadá, Fio, Túlio e Mara), Lampião, Rui Barbosa, o bandido da luz vermelha e Silvio Santos; queremos a batucada de Zé do Caixão, Flávio Cavalcanti, Roberto Carlos e Padre Cícero, além das jogadas de Vicente Matheus, Dercy Gonçalves, Golbery, Dona Zica e Conselheiro. Tudo isso com direito às companhias de Carlos Lacerda, Zagallo e João Saldanha no camarote especialmente cedido pela dupla Vargas-Beijoqueiro. O capeta chegará por volta das onze da noite, de helicóptero. É nesses momentos que penso na segunda-feira: o que restará desta apoteose em uma mísera manhã de segunda-feira?

O mujique

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