Minha formação (IV)
De 1991 a 1996, eu praticamente só li bobagens, e devotei muitas energias à audição de coisas com guitarras e baterias. Mas não posso dizer que Peter Gabriel, King Crimson e Rush tenham realmente me influenciado; no máximo, deixaram um ruído desagradável no meu ouvido direito. Naquela época, é claro, eu achava que a música popular contemporânea era uma coisa muito séria; hoje, entendo o que os mais velhos queriam dizer com “isso é só uma fase”.
Melhor dizendo, creio que a música popular se relaciona muito mais ao gosto do que à “formação” propriamente. Eu posso gostar de músicas que são perfeitas bobagens, como efetivamente gosto, mas isso não tem nenhuma interferência na minha maneira de ver o mundo ou de lidar com problemas. Isto é, qualquer coisa cantada por Ella Fitzgerald me deixa feliz, mas esta felicidade é semelhante à que eu tenho quando como um bolinho de chocolate. E o fato de eu gostar ou não de chocolate não interfere em quase nada na minha vida intelectual – só influi na medida em que, se eu comer muito chocolate, fico burro e não consigo estudar nem trabalhar; se comer pouco ou nenhum, fico infeliz e também não consigo fazer nada. A mesma coisa com a música popular: precisamos de recreação, para relaxar a mente. Mas quem ouve muita música popular acaba muito disperso e não consegue pensar direito.
(...)
O Indivíduo
11.4.04
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