Festa do Interior
Lampião City é uma megalópole típica do interior do interior do interior e como tal, tem suas singelas particularidades.
A roupa é lavada por Mundira, no rio que passa aqui, por detrás da minha casa. Até temos máquina de lavar, mas a roupa não sai igual à lavada por Mundira, não não. Deixei, inclusive, de andar pura a fumaça um dia desses, quando nós e outros clientes fiéis resolvemos dar de presente um ferro elétrico (ela só usava aquele que coloca brasa dentro, pesadão). Os lençóis têm que ser sacudidos porque secam estendidos na areia.
Fim de tarde? Banho tomado e cadeira de balanço na calçada, ora. Pra se refrescar com o Aracati que é um vento que vem láá da praia. E conversar com os vizinhos, acenar com a mãozinha pra quem vai passando de bicicleta, ver o movimento.
Tá a fim de tomar uma cerveja, comprar uma tevê, um pé de alface e não tem dinheiro? Problema não, depois cê passa aqui e paga.
Sabe quem é Raimundo de Chica? Sabe? Pois sou filho dele. Meu nome é Rosemeire, já fui aluna de sua mãe. Genival, muito prazer, já trabalhei pro seu pai.
Aquela lei dos seis graus aqui diminuiu pra dois. Todo mundo se conhece e agora, época de campanha política, fica tudo mais engraçado. Alguém de repente arrebata sua mão, chacoalha pra cima e pra baixo efusivamente enquanto dá tapinhas nas suas costas, oba, tudo bom, como é que tão as coisas? Bem, bem... (tentando desesperadamente reconhecer o então candidato e imaginando em que curva da vida aquela amizade tão íntima se perdeu) E ainda tem os carrinhos de som agarrados a uma bicicleta que passam devagarinho por todas as ruas da cidade, as paródias, os fogos (pum-pumbururm-pumpuuum-pôu) em dia de feira - sábado de manhã, leia-se - que não lhe deixam dormir até mais tarde, os showmícios que juntam todo mundo na praça da igreja.
Tão animado.
Melhor que lavagem de fato e queima de gréia.
minha querida Arroz-de-Leite, agora com cheiro de caju!
3.8.04
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