17.8.04

A Solução

Quem trabalha ou já trabalhou com suporte técnico deve conhecer o truque. Quero crer, aliás, que funcione com qualquer atividade que envolva solução de problemas. Bom, é assim: frente a um problema que se mostra resistente a todas as tentativas de solução, em vez de ficar esquentando a cabeça você o deixa de lado e vai dormir. Na manhã seguinte, com sorte, a solução surgirá na sua cabeça, tão simples e clara que o fará sentir-se o pior dos imbecis. Então, cansado de brigar com meu micro que desligava sozinho, fui dormir (às sete da manhã, horário não muito ortodoxo) e tive um sonho.

O sonho começou como um documentário de TV. Era sobre um jazzista americano dos anos 40. Negro, pobre, tinha como maior sonho vir ao Brasil para pesquisar os ritmos daqui e transportá-los para o jazz. A trilha sonora do começo do documentário era um jazz bem tradicional. Depois da viagem do tal músico ao Brasil, a música muda: ele conseguira fundir os ritmos brasileiros com o jazz, inventando um estilo musical mais poderoso e cadenciado. Nesse ponto, o documentário passa a ser uma matéria de jornal. Não me perguntem como, sonho tem dessas coisas. Na matéria, ficamos sabendo sobre os recentes problemas do jazzista com sua mulher. Desconfiado de que ela o traía, escondeu uma câmera no quarto em que ela dormia. Ao assistir aos vídeos, porém, percebeu que havia trechos longos sem imagem nem som, só chuvisco e estática. Volta para o documentário: em todos os vídeos, depois da imagem danificada aparecia a cama da mulher com uma mancha de sangue. O músico aparece falando com a câmera. Diz que a princípio pensou que a mulher estivesse praticando abortos. Mas seria incapaz de imaginar o que realmente acontecia.
Outra mudança de narrativa: agora o sonho é um romance de José Saramago. Em seu estilo peculiar, Saramago conta como a polícia retirou as táboas do assoalho do quarto, cavou e fez a descoberta mais inusitada: Super Homem, Batman, Homem Aranha, Capitão América e vários outros super-heróis estavam sepultados sob o piso do quarto. Alguns ostentavam ferimentos no peito, sempre com o mesmo formato: dois talhos fundos de um dedo de espessura, na diagonal. E foi uma confusão danada a exumação dos corpos, com todo o público conhecendo as identidades secretas de todos eles.

Quando acordei, às três da tarde, sabia o que fazer: liguei meu micro, entrei no BIOS Setup e configurei um tal AGP Aperture Size para 64Mb. E voilá, o bicho permaneceu ligado um tempão, sem dar qualquer problema até agora.
É tão bom ter sonhos assim, esclarecedores...

Jesus, me chicoteia

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