Diário de Tóquio: O Mundo é Tricolor - O Jogo Final
Acordei apressado no dia 18. Já passava das 13:00hs em Tóquio. Meu pai tinha me ligado às 10:30hs pra me desejar boa sorte. Das 10:30 em diante dormi e tive a visão de que ganharíamos. Imaginei a emoção da vitória, a comemoração, o reencontro com os amigos. No escuro do quarto de hotel, ainda meio dormindo, fiquei emocionado. Mas peguei no sono. E quando acordei de novo, já estávamos, eu e meu companheiro de quarto, agitados pelos preparativos. Esse ritual pré-final de campeonato é sempre emocionante. Você acorda diferente, olha as coisas por outro ângulo, como se seu olhar, naquele único instante, fosse o último daquela era. Há sempre um AF (antes da final) e um DF (depois da final) na mente de um torcedor. Foi assim que, apressado e um pouco atrasado, saí do quarto correndo, todo aparementado e, na correria, dei uma parada na porta e uma boa olhada pelo interior do quarto, pensando comigo, numa mescla de pensamento positivo e cabalismo: “Só vejo essa imagem novamente como tricampeão”. E assim parti para o lobby do hotel.
Dezesseis andares abaixo encontrei cerca de 70 são-paulinos. Eram velhos, moços, meninos, adultos. Todos, rigorosamente todos, estavam ou com a camisa do time, ou com o rosto pintado, ou com qualquer adereço que não deixasse dúvidas do que ele vinha fazer ali. No meio da pequena aglomeração, algumas fotos em grupo. Ajudei a Independente a carregar malas para o ônibus, que continham quilos e quilos de camisas e bandeiras e, com isso, me senti um pouco parte da história daquela noite. Peguei meu ingresso das mãos do nosso guia e dei uma boa olhada para ele. Subi com o pé direito num dos 4 ônibus que nos levariam para Yokohama . Então partimos.
O trajeto levou cerca de 1:30hs, menos por conta da distância e mais pelo trânsito na saída de Tóquio, que nesse único ponto, lembra um pouco São Paulo. Era ainda cedo, 3 horas da tarde, e o jogo só começaria às 7:20 da noite do Japão. No caminho, íamos deixando o clima ainda mais quente com as histórias do “Seu” Abdias, um torcedor fanático tricolor que ia narrando fatos de décadas atrás com uma precisão de detalhes enciclopédica. Não pude resistir e acabei filmando-o descrevendo o time do São Paulo de 45/46: Gijo, Piolin e Renganeschi; Rui, Bauer e Noronha; Luisinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixerinha. E foi assim, nesse declamar de amores de são-paulinos, cada um contando uma história de um jogo ou de um elenco que presenciou, que fomos nos aproximando de Yokohama.
Chegamos ao Estádio Internacional por vota das (…)
A saga tri-color continua no AMARAR - De Volta à Capitar
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