YOU ARE YOUNG AND LIFE IS LONG AND THERE IS TIME TO KILL TODAY
Encontramos uma foto de mim aos 22 anos, na praia. Nela estou de biquíni vermelho e branco, os pés na exata linha em que as ondas se transformam numa renda frágil e delicada, mas para facilitar a vida do fotógrafo, estou voltada para o sol, para o leste, feito uma Vênus tropical que, decepcionada com a terra firme e já sem sua concha, tivesse decidido voltar a pé pra casa. O corpo que na época eu achava feio, magrelo, sem graça e sem charme agora me parece bonito, esguio, tão proporcional que, só pela foto, seria impossível de se calcular minha altura. Mas não é a perda da cintura fina, dos seios altos, da pele firme e bronzeada, sem cicatrizes, que eu sinto. Nem muito menos saudade daquele tempo infeliz. O que eu sinto mesmo é alívio por não existir nenhuma máquina do tempo ou outra geringonça de ficção científica que pudesse nos colocar, a mim e àquela mocinha tímida, frente a frente. Porque se isso acontecesse, tenho certeza de que ela ia ter muitos e bons motivos pra querer me cobrir de porrada. E eu a ela.
Cyn City
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