29.10.06

Realejando

E lá eu deixei a menina racional. Em baixo do vão, debaixo de arte, no tapete vermelho da cidade. O papelzinho do realejo na mão, o espanto estampado na cara. Agora a vida tinha um roteiro, escrito sabe-se lá por quem e entregue às mãos da atriz principal pelo bico de um papagaio velhinho, que demorou a escolher um bilhetinho bem amassadinho e amarelinho no meio de outros tantos verdes, azuis e vermelhos. De todos os desenganos restava sempre a esperança com verniz de certeza de que o futuro era aquele mesmo e que mais cedo ou mais tarde o papagaio provaria saber mais da minha vida do que eu mesma. Só que agora o futuro já está passado e nem há mais a chance de voltar e pegar o bichinho de jeito.

Sealvia

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