25.1.08

O mundo acabou numa terça, às 4 e 20 da tarde. A caneta tinha tinta mas faltou o bloco, ela me disse para ser feliz e eu quase ia sendo. O mundo acabou numa terça, chovia em São Paulo. Na mão esquerda a unha com esmalte lascado e o anel de sempre, e eu precisava cortar o cabelo. Não consegui decifrar o olhar da mocinha no meu decote nem as máscaras encharcadas na vitrine, o samba dissonando da conversa dos encasacados na fila do cinema. O mundo acabou numa terça.
Apesar do saco plástico que eu conscientemente recusei no caixa, apesar das lágrimas da namorada traída na mesa em frente, da sopa com gengibre em pleno janeiro, da vendedora que mandou dar novalgina ao neto que tinha febre. Apesar do CD ainda lacrado na minha bolsa roxa, o mundo acabou, 2 minutos antes de eu descer as escadas e sumir na estação do metrô.

:: kaleidoscópio ::

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